Artigo: Uma curiosidade – Jan Wiegerinck
Há vários anos estamos discutindo uma prática gerencial que recebeu o nome de TERCEIRIZAÇÃO.
Não vou aqui alinhar os argumentos dos que a promovem e dos que a querem abolir. Os leitores deste jornal provavelmente as conhecem. Mas quero salientar um fato novo: a contratação pelo governo brasileiro de médicos cubanos, pois está sendo realizada usando a prática gerencial de terceirização.
O governo brasileiro paga ao governo cubano que, por sua vez, paga os médicos que não trabalham para Cuba, mas sim para atender pacientes brasileiros.
A terceirização por regimes comunistas não é novidade. Quando estive em Moscou em 1961, a empresa para a qual trabalhava contratou para nosso grupo os serviços de tradutor-guia turístico. Mas nossa empresa pagava uma entidade estatal e esta pagava o profissional que não era empregado permanente da entidade.
Estes fatos mostram que terceirização não é um fenômeno de uma economia capitalista como muitos pensam.
Estou curioso de ver como os fiscais do trabalho do MTE e o Ministério Público do Trabalho (MPT) vão tratar este assunto. E como agirá a justiça do trabalho se for acionada por algum destes médicos que venham a pedir reconhecimento de vínculo trabalhista com o Ministério da Saúde e equiparação salarial com nossos médicos.
Neste contexto talvez vale a pena lembrar que há outro aspecto interessante. A questão se o trabalho destes médicos pode ser considerado atividade fim ou meio.
É atividade fim do governo brasileiro prestar assistência médica?
Jan Wiegerinck é presidente da Organização Gelre