O ‘MATCH’ PERFEITO
Se antes os processos de seleção das empresas envolviam pilhas de currículos e desencontros entre companhias e candidatos, a ciência de dados está transformando a rotina dos departamentos de recursos humanos. Com a análise preditiva, sobra mais tempo para as relações humanas e o mercado é capaz de dar um verdadeiro “match” entre quem procura emprego e aqueles que oferecem uma oportunidade.
Há um ano e meio, o Grupo Boticário utiliza um software capaz de cruzar dados de recrutamento e também da performance de seus funcionários. Assim, consegue saber qual o perfil de quem busca vagas na empresa, quais as características principais daqueles que se destacam dentro do quadro de funcionários e também os pontos fortes e fracos de quem deixa o emprego.
“Conseguimos mais objetividade nos processos, um elemento adicional para auxiliar nas tomadas de decisão. É uma tecnologia que, aliada ao talento do profissional de recursos humanos, garante análises mais certeiras e posiciona a área como um grande pilar de negócios”, define a diretora de Recursos Humanos do Grupo Boticário, Graziella D’Enfeldt.
Assim, a companhia tem chegado cada vez mais perto de um modelo ideal de recrutamento e gestão, em que o profissional com maior aptidão encontra o emprego mais adequado ao seu perfil, aumentando produtividade e satisfação. “Costumo dizer que muitas vezes a gente contrata pelo currículo, mas demite pela atitude. Ao trabalhar com dados, a chance de erro diminui e evita demissões ou promoções equivocadas”, exemplifica a executiva.
Cenário
Na avaliação do sócio-fundador do site Vagas.com, Mário Kaphan, com as novas ferramentas de seleção, a missão dos profissionais de recursos humanos não muda. “Ele continuará sendo o parceiro estratégico para trazer e desenvolver as pessoas. A análise de dados apenas expande as possibilidades dele”, diz.
Uma pesquisa feita pela empresa revela que pelo menos 52% das empresas brasileiras ainda está no estágio básico no gerenciamento de dados, usando a tecnologia basicamente para organizar e gerar informações. Já 40% das companhias afirmam estar em um nível intermediário de uso, com comparação e correlação entre as fontes. E apenas 8% dos entrevistados avançaram de fato nesse universo, criando modelos estatísticos elaborados e previsões.
Esse é um dos desafios assumidos por Graziella, do Grupo Boticário. Mais do que atrair talentos para a empresa, ela também procura antecipar demandas futuras do departamento de recursos humanos. “Olhamos quantas posições gerenciais precisaremos para 2019 ou 2020 e analisamos se nosso banco de pessoas está bem dimensionado ou não para atender essa necessidade. Sabemos desde já se temos um déficit que precisará ser suprido lá na frente e trabalhamos nisso, buscando perfis específicos”, explica.
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo – Estadão expresso – 13/10/2017
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